Saí da fazenda em Mário Campos - MG e fui direto para Ubatuba (aproximadamente 625 Km - pela Rodovia Fernão Dias), onde me hospedei na pousada do Zecão (Zecão Surf House), atual campeão brasileiro de Snowboard.
Aproveitei o dia seguinte para pegar umas ondas na praia de Itamambuca, apropriada para a prática de surf e onde está instalada a Escola de Surf do Zecão.
De volta à estrada, desci pela Rodovia BR 101 e depois BR 116 até a maravilhosa estrada da Serra da Graciosa - Paraná (mais 636 Km), chegando já no início da noite do dia 24 de dezembro e passei a noite de natal em Morretes com amigos que fiz logo na chegada.
De Morretes, desci pelo litoral do Paraná, onde atravessei a moto na balsa de Caiobá para Guaratuba e continuando pela BR 101 fui até Guarda do Embaú já em Santa Catarina (379Km). Após a noite de reveillon fui para Laguna - SC com destino ao Farol de Santa Marta (outro point de ondas perfeitas e visual alucinante).
Após dois dias de descanso, resolvi sair um pouco do litoral e das rodovias pavimentadas para andar por estradas de terra e fui para a Serra Geral e Aparados da Serra que são dois parques nacionais cheios de atrativos como a Cachoeira do Itaimbezinho e o canion Malacara já no Rio Grande do Sul (218Km).
Ainda por estradas de terra, passei por Cambará do Sul, Taquara, Canela, Gramado até chegar em Porto Alegre encontrar velhos amigos (200 Km).
Em Porto Alegre dei um trato na moto e rumei para a fronteira do Brasil com Uruguai em Santana do Livramento - 530 Km. Passei pela fronteira, tendo que apresentar toda a documentação da moto em dia, o seguro Carta Verde (IMPORTANTÍSSIMO) e passaporte ou RG e CNH (Não pode ser somente o CNH). Já no Uruguai segui até Paysandú onde passei a noite. De Porto Alegre até Payssandú são 1200Km aproximadamente.
Logo cedo atravessei a fronteira com a Argentina pela ponte que liga o Uruguai à cidade Argentina de Colon e fui até Buenos Aires onde com a ajuda do GPS logo localizei a saida para a Patagônia pela Ruta 3. A Ruta 3 é uma estrada muito bem pavimentada e com suas longas retas deu para acelerar mais um pouquinho. Cheguei já à tardinha na cidade de Benito Juárez, nesse dia andei 1.300Km.
De Benito Juáres até Puerto Madryn foram mais 1.300Km e o mais impressionante é que o sinal da entrada na Patagônia são os ventos que atingem aproximadamente 120Km/Hora. Fui açoitado pelos ventos e confesso que fiquei com medo pois não conseguia estabilizar a moto em linha reta. O tempo todo a moto ia de lado e o vento insistia em me jogar para a outra pista.
Na Ruta 3, tem que ficar esperto com o combustível, pois a distância entre os postos de combustível (lá chamadas estações de serviço) é cerca de 250Km em média. Não é como no Brasil, que sempre tem um posto na estrada.
Os ventos afetam o consumo de combustível da moto. Quando à favor, aumenta o rendimento, mas quando estiverem contrários....
Não posso explicar como por 3 vezes cheguei no posto com a gasolina na reserva e com a moto morrendo. SORTE NA ESTRADA!!!!
Em Puerto Madryn fui pedir uma informação sobre hospedagem a um cara que estava de moto e ele me disse que eu poderia ficar na casa dele. O Martin recebia sempre viajantes de moto em sua casa e tinha um longo histórico com cartas, fotos e depoimentos dos muitos viajantes vindos do mundo inteiro que chegaram à sua casa. Isso aumentava ainda mais a minha confiança nessa jornada. Fiquei 3 dias rodando a Península Valdés. Ela se extende por 600Km e tem como atrativos o avistamento de pinguins, elefantes marinhos, leões marinhos e com muita sorte pode se avistar a temida Orca fazendo o seu ataque na praia.
Em um dos dias da minha estadia, conheci o Andreas que em uma das estradas de Ripiu parou a sua BMW e veio conversar comigo. Naquele momento eu pensei: como vou falar com esse alemão??? Para minha sorte ele falava português e foi meu companheiro de viagem até o Parque Nacional Torres Del Paine no Chile. Aprendi muito com Andreas, pois ele veio de Caracas na Venezuela, fez a Transamazônica, desceu todo o litoral do Brasil e nos conhecemos na Península Valdez.
Ainda na Ruta 3, tivevos a surpresa de no nosso ponto de abastecimento não haver gasolina (isso é muito comum na Patagônia). Nossa saída foi seguir por uma estrada de Ripiu com destino à Cordilheira dos Andes, o que achei ótimo pois já estava cansado do visual dos pampas e do mar.